26 de junho de 2011

Frio de lá



Quero estar bem longe quando chegar o inverno.

Vou me refugiar no frio de lá

Que tem uma frieza diferente –

Uma quentura mais quente.


Lá tem chão de madeira,

Chiado de chaleira,

Fogo no fogão, na lareira

Lá tem pinhão.


Tem de manhã cedinho

Bicicleta na rua

E no finzinho do dia

Um restinho de lua.


Tem amigo na varanda contando bobagem

Tem poejo.


Lá, só o termômetro passa frio.

20 de junho de 2011

Poema para aniversário de mãe distante




Toda vez que eu dobrava aquela camisa
Vinha o vento pela janela
E, sorrateiro,
Atirava-a no chão.
Uma lufada certeira
Como um gato que pula na cama,
Depois pula na mala
E leva embora uma peça para aquecer seu ninho.

Ficamos naquela disputa ainda por algum tempo
Eu tentando me despedir
E o gato-vento
Me pedindo para ficar.

O nome desse gato é Mãe.

14 de junho de 2011

Poema-Caneca


De tudo o que já experimentei nessa vida,

O teu café foi a bebida mais forte.

Quase no ponto.

Nem espresso, nem passado

Solúvel: presente.

Um gosto amargo na língua, doce nos olhos, salgado na pele.

Sequei a xícara em três goles.

[Pensei que fosse uísque -

Um legítimo cauboi]

E já levemente embriagado

Eu pedi mais.