Eu queria muito, muito mesmo, não falar sobre isso.
Mas é inevitável. É mais que inevitável. É indispensável.
Não dá para passar em branco.
Moro na rua da escola em que completei o ensino fundamental. A duas quadras dela. Sinto uma imensa saudade de todas as coisas que vivi lá. Os primeiros amores, os primeiros beijos, as primeiras letras escritas, tudo. Mas, hoje, isso não vem ao caso.
Após as cinco horas da tarde posso acompanhar uma penca de alunos passaram aqui na frente. A maioria não tem mais que 9 anos. Toco de gente, como diria uma amiga minha.
Não é meu costume observá-los, até por que geralmente não estou em casa nesse horário.
Mas essa semana ouvi algo que merece ser comentado.
Um desses pequenos estudantes gritou no meio da rua:
- Quem matou Ana Carolina Jatobá?
Assim como quem pergunta "quem matou Odete Roittmann?" ou "quem matou Lineu Vasconcelos?"
É claro que não estou culpando a inocente criança pelo informação errônea. Nem pelo tom da frase. Mas se pode concluir que a mídia está confundindo a cabeça de todo mundo, numa busca por audiência. O povo fica atordoado, perplexo, se sente envolvido e tenta até fazer justiça com as próprias mãos.
Trata-se de mais um programa interativo, de mais uma minissérie da TV Globo, afiliadas e concorrentes.
Já ultrapassaram os limites da seriedade; a distância que se deveria manter em respeito às principais vítimas, ou seja, todos os envolvidos.
Eu tinha esperanças de que o pai de Isabella Nardoni e a madrasta estivessem falando a verdade.
É horripilante pensar que existem pais que matam filhos.
Diante dos últimos fatos não há dúvidas de que foram eles os responsáveis.
Claro que sou a favor de que a verdade seja mostrada a toda a população. Mas sem sensacionalismo, por favor! Não se pode fazer disso um maneira de lucrar.
E olha que dá dinheiro.
Eu realmente não queria me manifestar, para não ser mais uma fonte do delicado caso.
Eu queria esquecer tudo isso e continuar crendo no ser humano. Afinal, eu sei que tem bastante gente por aí querendo fazer os verdadeiros culpados pagarem.
Ah, se na política também fosse assim...