22 de julho de 2011

Monotom

Fui enquadrado
E catalogado.
Predestinado
A ser um eterno cretino.
Desculpe a sinceridade,
Mas nem me abriram!
Mal me examinaram!
Creio ter direito a um julgamento.
Cadê meu acusador?
Revirem meus bolsos,
Procurem meus mortos aqui no meu paletó.
Investiguem meu passado
Virem-me do avesso!

Adoraria ser humilde,
Mas sou obrigado a me delatar.

Talvez pior que ser subestimado
Seja ser enformado,
Reduzido a uma empada.

16 de julho de 2011

De profundis


Acordei agorinha
De um coma profundo
E induzido
Sugestionado
Por um levantar de sobrancelhas.

Um iceberg na testa que me fez hibernar
Afundar
Tecer um casulo
Pra me entrar pra dentro de mim
E me trancar.

Mas, glória!, terminou meu pesar.
Abro os olhos
Submerjo.
Voltei mais feio e pessimista que uma lagarta
Mais festivo que um urso polar
da coca-cola.